Chefe do Instagram nega uso do microfone para anúncios — dados de IA tornam isso desnecessário

O chefe do Instagram, Adam Mosseri, afirmou que o aplicativo não usa o microfone do seu celular para ouvir conversas e direcionar anúncios. A declaração busca desmontar um dos mitos mais persistentes sobre a plataforma e abre espaço para um ponto crucial: com a crescente adoção de inteligência artificial (IA) e sinais comportamentais, a rede social não precisa — e não pretende — recorrer à escuta do ambiente para personalizar a experiência.

O que Adam Mosseri disse e por que isso importa

Segundo Mosseri, a ideia de que o Instagram estaria “ouvindo” suas conversas por meio do microfone seria um “grave” desrespeito à privacidade. Ele explica que, na prática, usuários costumam atribuir coincidências a uma suposta escuta quando, na verdade, existem caminhos mais plausíveis para a entrega de anúncios relevantes: você pode ter visto uma peça publicitária sem notar, pesquisado sobre o tema, visitado um site relacionado ou apresentado comportamentos que te colocam em um grupo de interesse semelhante ao de outras pessoas.

Outro argumento técnico levantado por Mosseri: se o app estivesse captando áudio constantemente, haveria sinais evidentes como consumo anormal de bateria e indicadores de gravação no sistema operacional. Em outras palavras, o funcionamento dos sistemas modernos (Android e iOS) tornaria difícil ocultar uma escuta contínua.

Por que a sensação de “o celular me ouviu” persiste

  • Memória seletiva e timing: é comum lembrar da conversa e esquecer de interações anteriores com o tema.
  • Retargeting e sinais de comportamento: visitas a sites, apps e interações com conteúdo geram pistas que guiam a entrega de anúncios.
  • Audiências semelhantes: algoritmos agrupam usuários por interesses próximos, ampliando a sensação de coincidência.

Esses mecanismos, usados há anos na publicidade digital, são suficientes para explicar a maior parte das “coincidências” — sem recorrer a microfone ligado em segundo plano.

IA entra em cena: personalização via interações com assistentes

O contexto da fala de Mosseri inclui um movimento mais amplo da Meta: a empresa passará a usar dados provenientes das interações dos usuários com seus recursos de IA para melhorar a personalização de conteúdo e anúncios. Trata-se de um tipo de dado explicitamente fornecido em conversas com assistentes da própria plataforma — diferente de uma escuta ambiental pelo microfone.

Essa mudança está prevista para entrar em vigor em 16 de dezembro, e sinaliza uma tendência: à medida que recursos de IA ganham espaço nos produtos, o que você digita, pede ou cria nesses ambientes pode se tornar um novo tipo de sinal para relevância publicitária. Isso reforça o ponto de Mosseri: com dados de interação baseados em IA, a plataforma não precisa “ouvir” você fora do app.

Microfone sempre ligado vs. dados de interação com IA

  • Microfone sempre ligado: hipótese de captação contínua de áudio do ambiente — negada por Mosseri e incompatível com indicadores do sistema.
  • Dados de interação com IA: conteúdo que o usuário insere voluntariamente em recursos de IA (texto, comandos de imagem/voz dentro do app), passível de uso para personalização conforme políticas.

A diferença é fundamental: em vez de coletar sons do ambiente, a plataforma utiliza sinais nascidos da própria interação do usuário com as ferramentas de IA.

Privacidade, transparência e controle do usuário

Embora o Instagram afirme que não usa o microfone para ouvir conversas, a expansão do uso de dados de interação com IA traz novas questões de privacidade. Em termos práticos, cresce a importância de avisos claros, preferências de controle e boa comunicação sobre como as informações são utilizadas. Os princípios de minimização de dados (coletar apenas o necessário), segurança (proteger contra usos indevidos) e finalidade (usar apenas para o que foi anunciado) ganham peso.

Para o usuário, a regra de ouro é entender o canal de origem dos dados: se o sinal vem do que você fez dentro de um recurso de IA, é diferente de um suposto monitoramento passivo do ambiente. Ainda assim, vale ficar atento às configurações de privacidade e às descrições de como seus dados podem alimentar modelos de recomendação e anúncios.

Boas práticas para usuários

  • Revise permissões do microfone no Android/iOS e mantenha apenas o necessário.
  • Cheque as preferências de anúncios e privacidade dentro dos aplicativos.
  • Entenda as políticas dos recursos de IA que você usa: o que é armazenado, por quanto tempo e para quê.
  • Reavalie rotineiramente os apps conectados e as superfícies onde você interage com assistentes de IA.

Impacto para anunciantes e criadores

A publicidade no Instagram historicamente se apoiou em sinais de navegação, engajamento e dados fornecidos pelos anunciantes (como visitas a sites). Com os recursos de IA, surge uma nova fonte de contexto: intenções e interesses expressos em conversas com assistentes, dentro do ecossistema da Meta. Isso pode refinar a segmentação, acelerar testes criativos e melhorar a adequação da mensagem ao momento do usuário — sempre dentro dos limites descritos pelas políticas da plataforma.

Para criadores, entender como os sinais nascem (engajamento orgânico, comportamento em Reels, interações com IA) ajuda a otimizar formatos e pautas. Para marcas, a recomendação é reforçar práticas de compliance, revisar consentimentos, alinhar expectativas com parceiros e priorizar métricas de qualidade (incremental lift, conversões qualificadas, retenção) em vez de depender apenas de cliques ou impressões.

Glossário rápido

  • Retargeting: reimpactar pessoas que já visitaram seu site/app ou interagiram com seus ativos.
  • Audiência semelhante (lookalike): grupo de usuários com comportamentos/interesses próximos aos de uma base semente.
  • Sinais de engajamento: curtidas, comentários, compartilhamentos, tempo de visualização e demais interações.
  • Dados de interação com IA: informações que você insere voluntariamente em recursos de IA (texto, voz, comandos) e que podem ser usadas para personalização conforme política.

Em resumo: o Instagram reitera que não usa o microfone para te ouvir e direcionar anúncios. A personalização — cada vez mais — deriva de sinais explícitos, especialmente de interações com recursos de IA dentro do próprio ecossistema. Para o público, isso exige atenção redobrada às políticas e aos controles disponíveis. Para o mercado, a mensagem é clara: estratégia de dados responsável e foco em relevância real serão diferenciais competitivos.

Fonte: https://techcrunch.com/2025/10/01/instagram-head-says-company-is-not-using-your-microphone-to-listen-to-you-with-ai-data-it-wont-need-to/

Fale com a Lia

Olá 👋, para iniciarmos o atendimento nos informe seu nome e telefone

Ao clicar no botão iniciar conversa, você será direcionado para o nosso Whatsapp e um de nossos atendentes lhe atenderá  em seguida.